Dia do Abraço

Dia do Abraço

por: Amanda Mota

“Abrace seu par” disse o professor de dança quando fui fazer minha primeira aula de dança de salão. Abraçar? Como assim? Como faço quando vou cumprimentar alguém? Mas eu nem conheço essa pessoa... é assim mesmo?

Abracei, mas parecia que tinha abraçado um tronco de madeira. Distante, duro, desconfortável. “Professor, acho que não sei abraçar” eu pensei.

Começamos a dançar, eu e o tronco, mas eu não estava segura, não senti vontade de fazer o que ele estava propondo. Até que o professor se aproximou e nos deu uma aula sobre o tal do abraço. E quando digo aula, não me refiro só a parte técnica de onde posicionar os braços e as mãos. Claro que isso foi importante também, a mão ali próxima das escápulas, os braços sem deixar espaço entre eles, tornando mais fácil o entendimento da condução, a distância dos corpos respeitando o limite de cada um, mas ele foi além! Ele falou sobre entrega, conexão.

Aproximou nossos os corpos de forma que ficássemos de frente um para o outro (nós estávamos meio de lado, quase que formando um V), passou a mão em nossos ombros como se tirando a tensão que existia ali, o ombro até cedeu um pouco mais pra baixo. Minha cabeça encostou levemente na lateral da cabeça dele. Mudou até a respiração! Ficou mais calma, mais serena e quando percebi, aquele abraço foi se transformando em um lugar gostoso de ficar e a dança começou a fluir mais naturalmente, mesmo que só o passo básico, a diferença era nítida.

Eu jamais poderia imaginar, quando comecei a dançar, que um abraço poderia trazer tantas sensações diferentes e que através dele a conexão na dança seria muito melhor. Depois desse dia entendi que não importa exatamente se você conhece ou não aquela pessoa que te chamou para dançar, entregue-se e aproveite!

E você, já abraçou hoje?

In memoriam Bruno Movio
Uma pequena homenagem ao nosso querido professor que nos deixou.